sábado, 3 de dezembro de 2011

Diário de Bordo - 24 ago. 2011 - Intercâmbio das experiências de leituras

A prof. Conceição fez um fechamento das apresentações sobre as memórias de leituras iniciais da turma  e apresentou um resumo sobre a leitura contemporânea.
Na sociedade grega, a inserção da criança era efetivada de forma integral, ou seja, desde muito cedo as crianças eram incentivadas em seu  desenvolvimento físico, intelectual e político.
Elas praticavam habilidades e dons que evidenciariam os seus potenciais, para que tomássem consciência de sua posição no grupo e viéssem a ser cidadãos dinâmicos e participativos.
A leitura deveria ser incentivada e exemplificada pelos pais, já no útero materno, onde através da entonação de voz do adulto, a criança já capte sentimentos literários diferenciados, que será a base para o seu futuro letramento.
A presença  feminina na responsabilidade em prover o lar vem aumentando em nossa sociedade atual, isto garante a mulher uma participação mais efetiva na educação dos filhos, por exemplo.
Fato que pode ser comprovado na análise dos relatos feitos em sala, onde dos 30 apresentados como fonte de motivação para o início do gosto pela leitura a família, 13 deles foram indicadas as presenças das mães e das tias como incentivadoras no processo inicial de leitura.
Quando as mães não podem ocupar esta responsabilidade, elas delegam às avós tal empreitada.
A leitura feita por homens e mulheres, no passado, foi bastante modificada, pois, à mulher era permitido fazer leituras concernentes a casa (ou ao lar) e ao homem  cabia assuntos relativos ao mundo e às ciências.
A leitura de homens e mulheres, hoje, é bastante diversificada.
No âmbito dos suportes de leitura, as modificações são ainda mais drásticas, pois do papiro para o códex, do manuscrito para a impressão e agora, a leitura em tela digital vão trazendo mudanças no olhar do sujeito leitor.
A relação afetiva com o objeto livro, ainda causa estranhamento ao leitor, quando da visualização e entendimento junto ao suporte digital, principalmente no equilíbrio da utilização dos suportes digitais.
A cada novo hardware ou software apresentado, somos forçados a aprender novas modalidades de habilidades e desenvolver novo conjunto de cognições, com a finalidade de efetivarmos nossas atividades com eficiência.
Segundo o prof. Eugênio Trivinho da PUC-SP,  vivemos numa dromocracia, em que a rapidez é mola propulsora  de nossas relações com a sociedade em que estamos inseridos e a obsolescência contínua das tecnologias e equipamentos é parte integrante desta engrenagem.
Mas a coexistência pacífica entre a leitura sensorial do livro, objeto colorido, divertido e a leitura intermediada pelo computador, ipad, Kindle ou tablet, ainda persistirá por muito tempo, pois as adaptações não são imediatas e dependem de condições econômicas de sujeitos e instituições que, não são igualitárias.
A escola  foi a segunda entidade a aparecer na lista dos iniciantes de leitura. Esta instituição vem, secularmente, formando mão-de-obra para assumir os cargos oferecidos, primeiramente, nas indústrias da Revolução Industrial, onde o operário necessitaria ser alfabetizado para ler os cartazes e manuais de funcionamento das máquinas que operaria.
Agregando normas e os rigores da disciplina militar, a escola tenta diminuir os conflitos, na medida em que, instala a hierarquia rígida entre suas escalas de comando e abafa tensões detectadas, através da autoridade.
Neste ambiente, o professor segue como detentor exclusivo do conhecimento inibindo e cerceando liberdades e desvios.
Neste cenário, a leitura obrigatória das escolas compromete a criatividade e não permite, aos alunos, extrapolar para inovar.
A inovação é condição indispensável para a criação e o desenvolvimento de técnicas, produtos e processos do mercado.
A literatura deflagra condições e situações variadas que serão um campo frutífero para inovações sociais, porém, a fruição estética é condição prioritária para que se efetive.
A diversidade de literaturas e idéias é defendida pelo bibliotecário Edmir Perrotti (docente da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), quando diz que: "Há um eixo educativo que a biblioteca tem de seguir, mas sua configuração deve extrapolar esse limite, porque o eixo cultural é igualmente essencial." Então, o leitor necessita ampliar seus horizontes e conhecer novas realidades e culturas, para adquirir autonomia e criar reflexões aprofundadas onde, ampliando sua visão identificará caminhos para fugir da chamada "Indústria Cultural" definida por  Theodor L. W. Adorno (11 set. 1903-06 ago. 1969/ filósofo, sociólogo, musicólogo e compositor alemão) como aprisionante e ditatorial, pois define caminhos e tendências, fazendo com que o leitor deixe  de valorizar a sua própria gama de atividades culturais e identitárias.

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