domingo, 20 de novembro de 2011

Aula de 17 de agosto de 2011 - Memórias de leituras

Exercício de anamnese em sala: Convergências e divergências nas leituras iniciais dos alunos.
 
 Ahahaha, estas aulas foram o máximo. Uma anamnese é feita para relembrar, como dizia a minha avó, puxar da  memória, fatos, que lembramos sobre algum evento ocorrido.  Na área médica é quando temos de dizer como e quando se iniciou tal queixa de uma determinada enfermidade que nos acomete.
    Aqui, recomendo bastante cautela, daquele profissional que deseja, realmente, conhecer. É uma atividade de escuta aprofundada, não apenas uma anotação superficial, mas um mergulho para compreender e enxergar as entrelinhas daquilo que foi explicitado.
   Tais fragmentos vão remontando o que somos e o que queremos.
   O exercício da escuta (diagnosticar através da anamnese) é bem propício, inclusive, para o bibliotecário, que deverá possuir sensibilidade suficiente para escutar (não apenas ouvir) qual a necesidade daquele que deseja um documento para ler e conhecer.
    Não é habilidade fácil ou inata ao bibliotecário. Deverá ser, paulatinamente, conquistada e aperfeiçoada, pois, segundo o prof. Eugênio Trivinho (PUC-SP), vivemos numa dromocracia (somos cada vez mais governados pela rapidez, pela pressão cotidiana, pelo tempo rápido e passageiro), então como escutar sinceramente? Desafio maior e necessário.
    Todos da turma fizeram a sua anamnese. Eu voltei a minha memória para os empréstimos que fazíamos na biblioteca do antiiiiiiigo  Banco de Crédito Real de Minas Gerais (incorporado pelo Bradesco). Livros de Monteiro Lobato, os primeiros. Lindos, coloridos, cheios de vida, aventuras e representações  de liberdade e reflexões. Tudo o que queríamos na infância, certo?  Os caminhos de Pedrinho em suas, tão esperadas férias. Meu pai foi o primeiro grande incentivador de minhas leituras, ele havia lido vários clássicos da literatura mundial, além de filósofos e pensadores.  Seu exemplo foi o motor de toda a minha busca intelectual, tanto no passsado, quanto atualmente, reciclagem constante. Ele dizia que "o cérebro não pode parar, tem que ser igual ao coração em atividade constante".
Era um mundo mágico, possível e instigante. Os temas mais variados desfilavam aos meus olhos, ficção, ação, romances como "O guarani" de José de Alencar.
Após, lembrei-me do meu prof. de Português do Colégio Padre Eustáquio (também mudou o rumo da minha história, época de grande acréscimo pessoal e social), o Élcio, um verdadeiro mestre, crítico, reflexivo, paciente, puxa adjetivos de qualidade não faltam, para este professor acima da média. Seu entusiasmo e motivação pela leitura foi um alicerce, que não esquecerei.
Fizemos grupos de 4 integrantes e uma primeira discussão com os colegas, relembrando os primeiros momentos de leitura em nossas vidas. Após, identificaríamos os pontos de convergências e divergências de todos.
Foi muito bacana perceber a influência dos pais, avós, tios, irmãos mais velhos e outros familiares em várias falas dos colegas, este registro foi bastante presente em quase todos os discursos, inclusive no meu, relembrando do meu pai.
As influências, em geral, foram positivas e com o intuito de motivar o início e a continuidade das leituras, porém, houve relatos, onde  se verificou a desmotivação frente aos esforços de leitura e o argumento utilizado foi de que, trabalhar seria mais "lucrativo" do que estudar. rsrsrsr. Respeito os pensamentos e contextos diversos.
As leituras iniciais dos alunos, fizeram emergir memórias de grandes nomes da literatura mundial e clássicos atemporais.
Leituras feitas pelos pais e avós,  quando ainda nem decifrávamos os signos linguísticos, mas ouvíamos com carinho e entusiasmo as vozes,  que nos presenteavam com histórias (ou estórias) enriquecedoras e já nos permitiam  trilhar pelos caminhos da representação da leitura do mundo,  sem a devida alfabetização, que viriam posteriormente.
Discutimos a leitura obrigatória, feita na escola, de Machado de Assis, por exemplo, pelos jovens de 14 anos; fato ocorrido com um dos alunos e a constatação de que não foi uma experiência agradável, naquela idade específica, pois, não havia maturidade nem discernimento para tamanha empreitada.
A Bíblia como leitura inicial, foi também citada (questão de fé e crença) e a censura a alguns livros ditos "proibidos" para menores, como por exemplo, Jorge Amado (conteúdo sensual) e outros.
A "fogueira santa" fez  referência, àquelas obras queimadas com o objetivo de impedir a proliferação pública de seu conteúdo, citado por um aluno e uma prática utilizada por sua mãe,  que não queria (ou permitia) tamanho gesto de rebeldia em sua casa, puxa...
Recitar poesia para os irmãos, foi outro início de leitura, comentado por uma aluna e que permitiu, inclusive a aproximação de interesses e afetividades, com a transmissão familiar pelo gosto da leitura.
A quota de leitura exigida na universidade, não nos permite, momentos de deleite em uma literatura criativa, diversa e mais abrangente para questões humanistas, vamos nos especificando em nossa área de conhecimento e nos afastando de textos imaginativos.
Onde então procuraremos apoio para a absorção do substrato capaz de nos fazer inovar?
Ou seremos,  tecnicamente, aptos a resolver os problemas cotidianos, sem a possibilidade de extrapolarmos o possível, a fim de criarmos novos processos, produtos e modelos mais sociáveis de acesso, efetivamente, igualitário?
As reflexões após este exercício de anamnese de leituras foram muitas e diversas. Porém, um resumo será feito na próxima aula, juntamente com algumas ponderações da prof. Conceição.
Até a próxima.
Abraços
Adriane

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

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