segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Diário de Bordo-10 ago.2011-Leitura e formação de leitores- continuação





A leitura de qualidade implica na busca por documentos/obras onde o leitor se apropria  de evidências que lhe proporcionarão maior consciência de si mesmo (suas virtudes e mazelas) e do mundo que o cerca, através dos exemplos apresentados. São atemporais, pois, revelam possibilidades ao ser humano em qualquer época da história.
A leitura de qualidade é feita através de documentos denominados "CLÁSSICOS", pois a cada releitura, em outro momento de nossas vidas, são verificadas novas reflexões e novas abordagens de pensamentos que acreditávamos estarem sedimentados. Os Clássicos fazem nos pensar e agregam novos enfoques aos  nossos entendimentos, por isto são sempre tão contemporâneos.
Segundo o professor Jacyntho Lins Brandão, da Faculdade de Letras da UFMG, "a obra clássica é a que se abre ao máximo para recepção".
Barthes disse que clássico é todo texto legível, ou seja, que fará sempre sentido.
Aqui, emergem minhas memórias e me lembro das leituras, que venho fazendo,  tanto no  Programa de Iniciação Científica do CNPq, orientadas pela prof. Cida Moura, quanto por todas aquelas feitas nas disciplinas do  curso de Biblioteconomia da UFMG e todas as demais feitas ao longo da vida: José de Alencar, Murilo Rubião, Machado de Assis, Miguel de Cervantes, Monteiro Lobato, William Shakespeare,  Fiódor Dostoiévski, Marques Rebelo, Aluísio Azevedo, Érico Veríssimo, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto com o seu inesquecível: "Morte e vida severina", bem e tantos outros.
A leitura de qualidade nos fará crescer e evoluir em pensamento, cognição, atos e materialidades.
Sou um ser humano diferente daquele que entrou há dois anos nesta graduação, pois minhas leituras influenciam meu comportamento e minhas ações, tenho um olhar diferenciado  sobre o mundo em que vivo. Minhas percepções sociais, materiais, tecnológicas e científicas são outras.
Busco as influências e as consequências dos atos consolidados pelas pessoas na sociedade em que me encontro inserida, não me atenho apenas às aparências dos fatos, vou além, busco fontes coerentes que me façam enxergar várias nuances e enfoques,  daquilo que se sucedeu. Persigo "os dois lados da moeda", às vezes até mais.
Partindo da escrita que faço hoje, do meu caminho trilhado, percebo-me melhor neste espaço, situo-me criticamente, começam a fazer sentido as cartas de  Michel Foucault, onde ele se refere à "escrita de si", ou seja, ao escrever  minhas experiências, mostro-me, exponho-me num quase diálogo de face a face.
Segundo Foucault: "Escrever é pois mostrar-se, dar-se a ver, fazer aparecer o rosto próprio junto ao outro."
Então, eis me aqui expondo e exposta.
Vejo as tecnologias com uma possibilidade ampliada de difusão dos saberes humanos. A web abre caminhos e amplia possibilidades.
Percebo, cada vez mais, o potencial positivo dos dispositivos de interação e comunicação entre vários atores deste ambiente virtual.
O meu receio inicial, frente ao "Personal Computer", por exemplo, diluiu-se, na medida em que entendia seu funcionamento e me apropriava de suas ferramentas para realizar uma tarefa.
Porém, não me afasto das reflexões profundas sobre acessibilidade, sei  que muitos estão fora deste mundo virtual, sem  condições de se expressarem ou mostrar suas idéias e pensamentos. Não significa que não tenham a dizer, que não tenham anseios ou conhecimentos a compartilhar. O acesso a web é restrito, tal constatação me causa profundo estranhamento, visto que tantos enfatizam  as questões de acessibilidade como mundiais e igualitárias. Não condiz com o que tenho percebido, ainda existem milhões fora deste ambiente,  milhões sem  conexão, sem "voz" para se expressarem e esta marginalização é um empecilho para o equilíbrio social e a "Socialização do Conhecimento".
Existem ainda, os sites e portais que disponibilizam o acesso apenas mediante negociação monetária.
São constatações que verifiquei em meus próprios "surfs" pela web guiados pela pesquisa científica.
Sigamos observando e refletindo...
Até a próxima.
Adriane Legnani