quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Introdução - Colaboratório Digital UFMG

A Universidade interagindo, produzindo e disponibilizando conhecimento ao público.
Introdução

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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Welcome to the Online Dictionary of E-Science, Cyberculture and Scientific Narratives: semiotic approach

A construção do "Online Dictionary of E-Science, Cyberculture and Scientific Narratives: Semiotic approach" proporcionou-me novos entendimentos sobre a elaboração de linguagens de indexação no âmbito digital e a disseminação de informações específicas, principalmente, aquelas organizadas e tratadas em espaços semânticos científicos colaborativos, onde as representações e significados são negociados, paulatinamente entre os atores signatários destes espaços.
Welcome to the Online Dictionary of E-Science, Cyberculture and Scientific Narratives: semiotic approach

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Poemas concebidos sem pecado: Poemas de Manoel de Barros. Desenhos de Evandro Sa...

AHAHAHA  gente, entreguem-se a estes poemas só um pouquinho.
A internet tem muita coisa boa.
Desfrutem deste vídeo, que é prá crianças, mas  todos os adultos vão voar.....
Poemas concebidos sem pecado: Poemas de Manoel de Barros. Desenhos de Evandro Sa...

quinta-feira, 19 de julho de 2012

"Os países que praticam a memória são mais vívidos, mais criativos, fazem melhores negócios, melhor turismo, são mais distintos." Patrício Guzmán


Arte & Cultura| 17/07/2012 | Copyleft 

"Os países sem memória são anêmicos e conformistas"

Em entrevista à Carta Maior, o documentarista chileno Patrício Guzmán fala sobre o golpe contra Allende e a ditadura de Pinochet. E faz uma apaixonada defesa da memória: "Os países que praticam a memória são mais vívidos, mais criativos, fazem melhores negócios, melhor turismo, são mais distintos. Os países sem memória são anêmicos, não se movem, são conformistas, e caem numa espécie de cultura de sofá, gente que está sentada no sofá assistindo a televisão… E não se movem. Acredito que a memória é um conceito tão importante quanto a circulação do sangue".



São Paulo - Em entrevista à Carta Maior, o documentarista chileno Patrício Guzmán fala sobre as relações entre a direita e a esquerda no periodo do golpe contra o presidente Salvador Allende em 1973 e as medidas tomadas pelo ditador Augusto Pinochet para tentar apagar da história a memória do presidente deposto. 

Durante a exibição de seu filme “Nostalgia da Luz” que fechou o evento “Memória e Transformação”, promovido pelo Instituto Vladimir Herzog e Cinemateca Brasileira, Guzmán falou sobre a importância e necessidade da memória, como instrumento politico de identidade do país e de seus indivíduos. Sua obra, segundo ele, é permeada pela tensão entre memória e esquecimento.

Conhecido por seus filmes sobre o Chile, os anos Allende e o golpe militar de Pinochet, o documentarista, também falou sobre o movimento estudantil chileno, que em suas palavras, “quer não só melhor educação, mas uma sociedade mais humana”. Guzmán ainda falou sobre a mídia e o papel vital do documentário na história de uma nação, “um país sem documentário é como uma família sem álbum de fotografias”.

Veja acima vídeo com a entrevista e, abaixo, a transcrição da fala de Guzmán.

"Eu cheguei muito tarde na política, quero dizer, que quando fui para Espanha para estudar Cinema não tinha uma posição clara. Eu queria mudança, não a mudança radical. Era, se preferir, uma pessoa neutra. Eu me conscientizei estando em Madri, porque a ditadura franquista estava vivendo seus últimos momentos e a Escola del Cine estava no meio da faculdade de Ciências Políticas, de História e Filosofia para chegar até a faculdade tinha que atravessar o campus e via os policiais em confronto com os estudantes, digamos que estávamos em meio um campo de guerra urbana, portanto, foi dentro da faculdade que comecei a entender o que estava passando na América Latina.

Nesse espaço de cultura efervescente que comecei a ter uma consciência mais forte. E quando Allende saiu, eu disse a mim mesmo “tenho que voltar imediatamente, não posso ficar aqui”. Cheguei tarde, cheguei tarde. 4 meses depois que Allende já tinha tomado o poder. Então, os postos já estavam todos ocupados e como não era militante tinha menos possibilidade. Então fui até a escola de Cinema onde tinha estudado no Chile, e disse ao diretor : “O que está passando é tão bonito, tão extraordinário, há uma efervescência tão grande, uma participação massiva enorme que temos que filmar. Imediatamente”

Tratava-se que Allende tinha que renovar o parlamento e a direita queria destituí-lo. A direita pensava que ao obter 60% dos votos e com isso podiam destituir o presidente… Então saímos às ruas e filmamos imediatamente, porque não podíamos não filmá-lo. Bom, Allende conseguiu 43, 44%, ou seja, conseguiu a mais alta votação depois de dois anos de desgastes de um governo chileno. E não puderam destituí-lo, a partir daí a direita entende que precisa dar um golpe de estado, que já não se pode tirar pela via legal um governo popular. E aí eu parei, deixei de filmar e nos reunímos. 

Fizemos uma semana de reunião para estabelecer um método de trabalho. Pusemos, fizemos um esquema em cartolinas com os principais problemas, divididos em políticos, ideológicos e econômicos, que é uma análise marxista elementar, então colocamos muitas chaves com tudo o que derivava dali. Se era economia, era a nacionalização das riquezas básicas, a fábrica, a produção, a batalha da produção. Se era ideologia: as rádios, as televisões, os novos partidos da direita etc. E no outro lado, outro esquema íamos colocando o que filmávamos e comparando uma coisa com a outra. O resultado foi um filme com muitos contra-pontos, digo, a uma ação da esquerda uma resposta da direita. A um contra ataque da direito outra resposta da esquerda, o qual era um documentário ideal. Digamos… que haja um diálogo de contrários, se não há diálogo de contrários não existe linha de desenvolvimento. O filme fica monótono.

Era tal a aceleração da história que Allende produziu, e tal a quantidade de acontecimentos que passava que você acreditava que estava vivendo em um caos total.

Digamos que tínhamos que filmar dois rolos (de filme) diários, essa era minha divisão, se de repente sobrava, então teríamos 3 para o próximo dia. E se no terceiro dia havia outro dia ruim, teríamos 4 para uma boa sequência. E assim fomos equilibrando a tal ponto que quando veio o Golpe de Estado só nos sobraram dois rolos, ou seja, quando se acabou o filme, acabou-se o projeto político. Isso foi muito curioso.

O Chile dos anos 70, o Chile Allende é um dos países mais cultos politicamente que existiu na América Latina, com um desenvolvimento, um amadurecimento da esquerda insólito, com um partido comunista de quase cem anos, partido socialista igualmente velho, uma social-democracia avançada,uma esquerda radical interessante e uma leitura política entre os trabalhadores e estudantes alta.

Depois da repressão de Pinochet não ficou nada.

E os dezoito anos de completa amnésia, Pinochet quis fazer tábula-rasa, apagou a história, apagou Allende da história e transformou comunismo, demonizou o comunismo a graus grotescos. Insultou Allende de todas as maneira que quis, disse tudo o que lhe passou na cabeça contra Allende. Quase tudo falso. E deixou o país, portanto, como que em uma espécie de deserto de memória, de recordações políticas até hoje. De tal maneira que a única coisa que temos é um movimento estudantil magnífico, é a quarta geração que já não tem medo, são inteligentes, querem ir adiante, são contestadores e querem não só melhor educação, mas também querem melhor saúde, melhor moradia, melhores condições de trabalho, melhor vida, uma sociedade mais humana. Não lutam só pelos seus.

Mas só dependemos deles, digamos que não há nenhum outro grupo da sociedade que esteja em plano de luta frontal contra a amnésia, contra os torturadores que andam soltos, contra uma justiça lenta, contra uma Constituição que todavia tenha inimigos internos que é um conceito que causa divisão e ódio, contra uma constituição que fala que os mapuches (etnia indígena) são terroristas. Então, há muito coisa a fazer.

A televisão nasceu como o meio mais importante e pedagógico do século XX e foi convertido em um terrorismo áudio-visual espantoso, nossa televisão latino-americana é imoral e insuportável.

Acredito que a memória não é um conceito intelectual, não é um conceito universitário, não é um conceito acadêmico. A memória é completamente dinâmica, digamos, está dentro do nosso corpo. Os países que praticam a memória são mais vívidos, mais criativos, fazem melhores negócios, melhor turismo, são mais distintos, são melhores. Os países sem memória são anêmicos, não se movem, são conformistas, e caem numa espécie de cultura de sofá, gente que está sentada no sofá assistindo a televisão… E não se movem. Acredito que a memória é um conceito tão importante quanto a circulação do sangue.

Existe uma historiografia científica na América Latina que se pode chamar de moderna? Não. Foi a classe alta que escreveu a história a seu próprio gosto, como no Chile. Eu não acredito em nenhum herói chileno. Não acredito em nenhum deles. Tenho certeza que nos mentiram sistematicamente. Como nos mentiram sobre Allende, sobre Balmaceda, sobre tantos outros heróis que tivemos no Chile. 

Tem que se começar apoiando uma nova geração de historiadores que revisem o que passou de um ponto de vista moderno… para estabelecer as bases onde nos apoiaremos e ter um plano de fundo de verdadeiros heróis para seguir adiante. Assim como a ecologia não se conhecia há 30 anos, os direitos das mulheres não eram conhecidos, ou não eram respeitados, há 70 anos… Assim como os direitos dos indígenas ou a liberdade sexual não eram reconhecidos.. Hoje em dia a memória chegou ao mundo contemporâneo para ficar. Não é passageira, já está instalada. E vai ficar até que nós mesmos a desenvolvamos. É fundamental.

O documentário é um direito do cidadão. Assim como há um dever público em prover saneamento básico, tem que haver documentários, por lei, por obrigação. É o registro de um país, é o álbum de fotos de um país.

Tradução: Caio Sarack

terça-feira, 10 de julho de 2012

Relatos de pesquisas

Coordenadora – Maria Aparecida MOURA 
Pesquisadora júnior – Adriane LEGNANI


http://nemusad.eci.ufmg.br/?p=329


 A consolidação dos sistemas de informação cooperativos potencializados pela web 2.0 ampliou significativamente a presença de pesquisadores no contexto digital. 
O projeto tem por objetivo identificar, caracterizar e modelar os processos de interação e colaboração entre os atores sociais na produção colaborativa de conhecimentos  em redes científicas. Adota-se  como mediação as evidências a partir da linguagem, dos discursos e os sistemas teóricos e metodológicos compartilhados pelos pesquisadores de E-Science disponíveis na web em repositórios de informação digital de acesso livre. Tentamos compreender as implicações dos acordos e da interpenetração semiótica sob o discurso científico contemporâneo nos sistemas de organização do conhecimento.


sexta-feira, 6 de julho de 2012

E-book: "Educação científica e cidadania: abordagens teóricas e metodológicas para a formação de pesquisadores juvenis"

O livro traz abordagens teóricas e metodológicas para formação do pesquisador juvenil e pretende possibilitar um diálogo abrangente com os distintos atores sociais envolvidos, assim contribuindo para a ampliação da concepção de cidadania em espaços de formação científica. Segue link para o acesso ao e-book disponibilizado gratuitamente:


https://www.ufmg.br/proex/cpinfo/educacao/

E-book: "Cultura informacional e liderança comunitária: concepções e práticas"


O livro organizado pela prof. Cida Moura da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais busca identificar, sistematizar, consolidar, avaliar e divulgar tecnologias sociais capazes de possibilitar e ampliar a participação cidadã na sociedade da informação e do conhecimento. Fortalece e potencializa a comunicação entre a universidade e a sociedade. Segue link do e-book disponibilizado gratuitamente:


https://www.ufmg.br/proex/cpinfo/cultura/




terça-feira, 3 de julho de 2012

Lei de Acesso à Informação muda relação do brasileiro com sua história




Em vigor há apenas 45 dias, a Lei de Acesso à Informação colocou à disposição dos brasileiros muitos documentos reveladores da história recente do país. E há previsão de outros, como os que integram o acervo do Estado Maior das Forças armadas sejam abertos nos próximos dias. São informações secretas que mofavam nos arquivos de órgãos de inteligência. Mesmo documentos que estavam em arquivos públicos, apenas para consultas restritas, agora podem ser acessados.

Brasília - A Lei de Acesso à Informação está mudando a forma do brasileiro se relacionar com sua própria história. Desde que entrou em vigor, em 17/5, já proporcionou o acesso a registros históricos que, em muitos casos, poucos suspeitavam sequer que existiam. No Arquivo Nacional, encontram-se à disposição dos interessados os documentos secretos e ultrassecretos do extinto Sistema Nacional de Informações e Contrainformação (SISNI), incluindo os serviços de inteligências da Forças Armadas, da Polícia Federal e de ministérios e outros órgãos do governo, como o Itamaraty.

Desde a manhã desta segunda (2), também está disponível a base de dados da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), criada pelo ex-presidente Collor de Mello, em 1990, para substituir o Serviço Nacional de Inteligência (SNI), o temível órgão de inteligência da Ditadura Militar, idealizado pelo general Golbery do Couto e Silva. A SAE funcionou até 1999, quando foi criada a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). E, embora tenha sido criada e extinta durante o regime democrático, herdou práticas de arapongagem da ditadura militar, colocando sob sua mira figuras emblemáticas, especialmente, para a esquerda brasileira.

Relegada a categoria de secretaria, a SAE não tinha o mesmo status do seu antecessor, o SNI, ligado à presidência da república, e que, mesmo durante o governo de transição do ex-presidente José Sarney, continuou monitorando esquerdistas, realizando escutas ilegais e operações clandestinas. Perdeu quadros, força e influência. Passou a ser comandado por civis. Voltou a ganhar peso com sua remilitarização, a partir de 1992, já no governo de Itamar Franco, que assumiu a presidência da república após o impeachment de Collor.

Em até 30 dias, será aberto à consulta pública o acervo do extinto Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), que funcionou entre 1946 e 1999, antes da criação do Ministério da Defesa. São 37 volumes de documentos considerados secretos e ultrassecretos, além de 52 volumes de boletins reservados: correspondências entre autoridades militares e civis do governo brasileiro ou entre integrantes do governo e representantes de outros países sobre temas relacionados à defesa, segurança nacional e cooperação internacional, além de relatórios sobre a conjuntura política nacional e internacional. 

Acesso amplo e irrestrito
Desde o dia 18/6, já está permitido o acesso irrestrito aos acervos do próprio SNI e dos demais órgãos que compunham o SISNI. São dossiês pessoais dos considerados “subversivos” e de organizações de esquerda, como partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais, igrejas, universidades e movimento estudantil, além de informações sobre prisões, mortes, tortura, repressão à guerrilha urbana e rural, entre outros. 

Parte desses documentos já podia ser consultada desde 2005, de forma bastante restrita. No caso dos dossiês pessoais, apenas com autorização da própria pessoa ou de seus familiares. Nos documentos mais gerais, todos os nomes citados eram devidamente apagados. Por isso, grande parte dos documentos ainda é inédita para o público. Eles revelam, por exemplo, como se dava a infiltração dos agentes do regime dentro das universidades públicas ou mesmo a relação da ditadura com a política indigenista que dizimou aldeias inteiras de índios. 

Há também os documentos produzidos pelo Centro de Informações do Exterior (Ciex), serviço de inteligência criado pelo Itamaraty em 1966 para monitorar os passos dos brasileiros tidos como “subversivos” no exterior e, da mesma forma, os dos estrangeiros no Brasil. Mostram o pioneirismo brasileiro na articulação da Operação Condor, criada pelas ditaduras da América Latina para a troca não apenas de informações, mas também de militantes estrangeiros nos países envolvidos.

Balanço
No primeiro mês de vigência da Lei de Acesso, o governo recebeu 10,4 mil pedidos d.e informações. De acordo com balanço da Controladoria Geral da União (CGU), mais de 70% foram respondidas, a maioria antes do prazo. Das respondidas, 82% atenderam ao pedido; 10% negaram e, em 7% dos casos, não se tratava da competência do órgão. 

Para pedir informação aos órgãos de governo, acessehttp://www.acessoainformacao.gov.br/acessoainformacaogov

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mudando Paradigmas na Educação (Dublado) - RSA Animate



Excelente esclarecimento sobre a educação contemporânea.
Direcionado a todos que se importam, efetivamente com a educação de seus filhos, sobrinhos, alunos, irmãos.......

terça-feira, 12 de junho de 2012

Greve expõe problemas no processo de expansão do ensino superior - Carta Maior - 12/06/2012

A greve deflagrada pelos professores do ensino superior, na semana passada, segue forte, com adesão rápida e crescente. Para o Comando Nacional de Greve do Andes-SN, a surpreendente mobilização se ancora no fato de que esta é uma greve atípica, centrada não na luta mais imediata da categoria por reajuste salarial, mas em questões conjunturais que afetam o conjunto da comunidade acadêmica.

Brasília - A greve deflagrada pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), na quinta (17) passada, segue forte, com adesão crescente. Já são 42 universidades paradas, além de dois institutos e de um centro de formação técnica. Duas outras instituições já oficializaram ingresso no movimento a partir da próxima segunda. Os servidores técnicos-administrativos discutem a adesão e assembleias estudantis representativas, em todo o país, referendam o processo. Cenário raro em tempos de desmobilização do movimento sindical. 

Para o professor da Universidade Federal do Rio Grande (UFRG), Billy Graeff, membro do Comando Nacional de Greve do Andes-SN, a surpreendente mobilização se ancora no fato de que esta é uma greve atípica, centrada não na luta mais imediata da categoria por reajuste salarial, mas em questões conjunturais que afetam o conjunto da comunidade acadêmica. E, consequentemente, o projeto de oferta de um ensino público de qualidade no país.

A pauta de reivindicações da categoria está centrada em dois pontos principais: a reestruturação da carreira docente, considerada pouco atraente e funcional há décadas, e a melhoria nas condições de trabalho. 

A primeira, segundo o Sindicato, já havia sido negociada com o governo, para ser implantada até o final de março deste ano, junto ao reajuste de 4%, acordado em 2010. O reajuste saiu, por meio de medida provisória enviada ao congresso pela presidenta Dilma Rousseff em 14 de maio, mas a reestruturação da carreira permaneceu pendente. “Nós estamos negociando desde agosto de 2010, mas o governo se mostra intransigente frente às nossas reivindicações”, justifica. 

A segunda decorre de uma insatisfação latente da categoria, compartilhada com estudantes e servidores técnicos-administrativos. “Os professores não suportam mais esses anos de expansão universitária irresponsável”, afirma o professor. Ele se refere ao programa de expansão universitária iniciado durante o governo Lula, o Reuni, mais efetivamente entre 2006 e 2008. Segundo o professor, aumentou-se o número de alunos matriculados nas universidades, sem a devida contrapartida em contratação de pessoal e ampliação da infraestrutura.

“Estamos preparando um dossiê da precarização para mostrar a verdadeira face do Reuni”, conta Billy. Conforme ele, os problemas são inúmeros, principalmente nos campi novos e nos cursos recém implantados. Faltam professores, laboratórios, bibliotecas, restaurantes universitários, casas do estudante e até banheiros. “Estamos levantando também a qualidade dos prédios recém construídos e os problemas ambientais decorrentes dessas obras. As denúncias são alarmantes”, antecipa. 

Em entrevista coletiva nesta quarta (23), o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, disse que todos os acordos firmados em 2011 com os professores universitários da rede federal foram cumpridos pelo governo. Segundo ele, a negociação referente à reestruturação da carreira é para 2013 e ainda está aberta. E acrescentou que há tempo até 31 agosto para enviar a proposta para a aprovação do orçamento no Congresso. “A greve faz parte da democracia, mas quando se faz um acordo e o governo cumpre, não consigo ver razões e necessidade de uma greve. Não há qualquer prejuízo material para os docentes”, esclareceu. 

O ministro acrescentou que uma paralisação, neste momento, não contribui para o esforço que o Brasil faz para desenvolver o ensino superior. “São 220 mil novas vagas, 14 universidades e 132 novos campi para dar suporte a esse 1 milhão de matrículas. Desde 2005, investimos R$ 8,4 bilhões na reestruturação da rede federal. Somente em 2012, o investimento é de R$ 1,4 bilhão. Temos 3.427 obras”, anunciou. 

Expectativas
No próximo dia 28, os professores realizam nova reunião com o governo para tentar solucionar o impasse. 

No dia 5/6, outras categorias de servidores públicos federais se juntam aos professores para realizar uma marcha à Brasília. Após o protesto, realizarão plenária unificada em que será discutida a possibilidade de paralisação de novas categorias, a partir de 11/6. 

Os servidores públicos defendem pautas específicas, mas também uma com eixos comuns, como a definição da data-base em 1° de maio; política salarial permanente com reposição inflacionária e reajuste linear em 22,08% (referente a soma da inflação de maio de 2010 e maio de 2012 e a variação do PIB neste mesmo período); e valorização do salário base e incorporação das gratificações.

Os servidores reivindicam, também, a retirada do Congresso dos projetos de lei e medidas provisórias que, conforme análise das categorias, ferem direitos conquistados pelos trabalhadores.

Entidades buscam consolidar diretrizes para boas práticas científicas-08/jun/2012/CNPq


Preocupação com fraudes e plágios é crescente e um de seus reflexos é a criação de uma comissão no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI) e de um código na Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para reforçar a cultura de integridade em projetos e pesquisas.
Em setembro de 2011, um caso de fraude na Holanda chocou a comunidade científica internacional. Diederik Stapel, agora um ex-professor de psicologia social, aparentemente teria forjado dados de várias pesquisas e inventado informações publicadas em cerca de 30 revistas científicas, entre elas a Science. O fato, que envolveu as universidades de Tilburg e Groningen, poderá custar o título de doutor a Stapel.
Investigações e punições como essa tendem a se tornar cada vez mais corriqueiras no meio científico. Não necessariamente porque o número de fraudadores ou plagiadores vem aumentando, mas sim devido a um incremento na atenção sobre as más práticas, de acordo com Paulo Sérgio Beirão, diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq.
Em outubro último, o CNPq definiu um conjunto de diretrizes para promover a ética na publicação de pesquisas científicas e estabelecer parâmetros para investigar eventuais condutas reprováveis. Para isso, foi constituída a Comissão de Integridade na Atividade Científica do CNPq, da qual Beirão é coordenador, para difundir informações sobre pesquisa ética. Hoje, o CNPq lida com 21 mil bolsistas e examina, sob sigilo, quatro denúncias de fraude em pesquisas científicas.
Diferenças -Beirão explica que "assim que uma denúncia é recebida, ela é checada e verificada pelos técnicos, que dão uma primeira avaliação quanto a sua pertinência. Temos que ter cuidado de não cair no denuncismo", pontua. Em seguida, há uma avaliação prévia e a partir daí a comissão vai considerar as medidas que deverão ser tomadas. Só depois disso os supostos realizadores de más práticas serão notificados - com oportunidade de defesa.
O texto proposto pela comissão tipifica quatro condutas ilícitas: falsificação, fabricação de resultados (caso do pesquisador da Holanda), plágio e autoplágio - definido como a republicação de resultados científicos já divulgados como se fossem novos, sem explicitar a publicação prévia. Também condena a inclusão de autores que só emprestaram equipamentos ou dinheiro, sem colaborar intelectualmente com o artigo científico.
Como todos os projetos apresentados no CNPq têm cópias no conselho, fica mais fácil verificar um plágio, por exemplo, antes mesmo de a bolsa ser concedida. As punições para os delitos mais graves incluem a suspensão de bolsas e, eventualmente, a exigência de devolução do dinheiro investido pelo CNPq. As diretrizes básicas para a integridade na atividade científica estão disponíveis no link www.cnpq.br/web/guest/diretrizes.
Beirão conta que a comissão do CNPq reúne integrantes de "representatividade e idoneidade reconhecidas" e de diferentes áreas de conhecimento. "O que é um plágio ou autoplágio numa área pode ser visto de forma diferente, ter peculiaridades em outra. Os softwares simplesmente varrem tudo e veem as semelhanças. Mas, por exemplo, na área experimental, ao descrever um método, pode haver muita redundância e é normal porque você está usando um mesmo método e a descrição pode se parecer com a de outra pessoa", ressalta.
Código -Por sua parte, a Fapesp lançou em setembro de 2011 seu próprio Código de Boas Práticas, que objetiva reforçar na comunidade científica paulista uma cultura sólida de integridade ética da pesquisa mediante um conjunto de estratégias.
As diretrizes estabelecidas no documento são destinadas a pesquisadores que recebem bolsas e auxílios da Fapesp, além de instituições-sede das pesquisas e periódicos que contem com apoio da Fundação para publicação. A construção do código teve seu embrião em um levantamento feito pelo membro da coordenação adjunta da Diretoria Científica da Fapesp, Luiz Henrique Lopes dos Santos, professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Seu estudo resultou no artigo Sobre a integridade ética da pesquisa, disponível no site da Fapesp.
Ele conta que a comunidade científica internacional (cujas diretrizes inspiraram parte do código) começou a discutir com mais frequência o assunto há cerca de cinco anos e em 2010 a Fapesp solicitou o estudo que deu origem ao documento. "Havia uma preocupação grande com sentimento de impunidade", conta, lembrando que houve um caso de má prática quatro anos atrás. "Precisamos ter rigor, mas também temos que garantir que o procedimento de investigação seja justo, equilibrando regras e justiça", pondera.
O código da Fapesp traz o chamado "tripé da ética": educação, prevenção e investigação/sanção. Beirão lembra que o ideal é não deixar a fraude ou plágio sequer ocorrer, pois "pode causar um ônus para o avanço do conhecimento, atrasá-lo e desperdiçar recursos". No caso da Fapesp, um exemplo de "educação" de boas práticas seria incentivar as instituições científicas que recebem financiamento da Fapesp a organizar periodicamente treinamentos e cursos que abordem o tema. Mais detalhes estão no link www.fapesp.br/boaspraticas.
Encontro - No fim de maio, a UFRJ, a USP e a PUC-RS sediaram o 2º Encontro Brasileiro de Integridade em Pesquisa, Ética na Ciência e em Publicações (Brispe, em inglês), que teve palestrantes nacionais e internacionais e propôs discussões sobre questões éticas para instituições de pesquisa, agências de fomento e periódicos estrangeiros. Beirão conta que, no evento, foram divulgados diversos números sobre o tema e chamou a atenção o fato de que mais artigos publicados estejam sendo retirados de circulação - um indício de más práticas.
"Como não temos comparação confiável com o passado, não temos as proporções, mas o que se pode dizer é que problemas de más condutas em ciência sempre existiram, são da natureza humana. A vantagem é que hoje temos mecanismos de detecção e até há um estímulo para que isso ocorra, então as falsificações acabam aparecendo mais", alega.
Beirão lembra que as universidades federais, por exemplo, têm seus próprios procedimentos para evitar as más práticas, que não necessariamente são os mesmos do CNPq. E Santos afirma que a Fapesp parte do princípio que as responsáveis por preservar as boas práticas são as instituições. "Mas a Fapesp pode também investigar e punir, a bolsa pode ser suspensa e dependendo da gravidade, cancelada".
Santos acha que a preocupação com o tema "ainda é incipiente", mas que o código da Fapesp e a comissão do CNPq contribuirão para as mudanças de pensamento. "É preciso envolver os pesquisadores no problema. Há mau-caráter em todo lugar", afirma, acrescentando que hoje a Fapesp tem "sete ou oito casos" em análise.
"É o tipo de problema que as agências preferiam acreditar que não existia, porque gostaríamos que não existisse. No entanto, chegou-se a uma situação que não se pode ignorar e está havendo uma mudança", conclui Beirão. (Jornal da Ciência).

"A globalização é uma nova forma de colonização" Marc Augé


"A globalização é uma nova forma de colonização"

Autor de estudos sobre o modo como as percepções de tempo e espaço se alteraram no mundo contemporâneo, o antropólogo francês Marc Augé reflete sobre essas mudanças em uma entrevista especial. "A distância entre ricos e pobres é cada vez mais importante, e a mesma coisa ocorre com o acesso ao conhecimento e à ciência. Eu diria que a globalização não difere muito da colonização. Vivemos um tipo de colonização anônima ou multinacional. A globalização nos emparelhou" afirma.

Desde 1980, o antropólogo francês Marc Augé propõe uma observação e um relato inédito de um mundo contemporâneo em plena velocidade. Da África à América Latina, do mundo ocidental a uma travessia pelo Jardim de Luxemburgo, uma viagem etnográfica pelo Metrô de Paris ou um ensaio brilhante sobre a bicicleta e o território de autonomia e intimidade que nos oferece, Augé explorou quase todos os recantos da modernidade sem nunca perder de vista o objeto central de seus trabalhos, a saber, os outros, o próximo, o indivíduo.

A originalidade de Marc Augé se inscreve inclusive no lugar de seus encontros. Autor de um delicioso ensaio sobre a impossibilidade de viajar – « A viagem impossível » - e o consequente automatismo que consiste em não vijar por territórios novos, mas sim por lugares consagrados e codificados, o autor francês fixou o local da entrevista em uma estação de trens, a Gare d’Austerlitz. Um lugar de observação privilegiado, situado perto de sua casa, na esquina de um McDonald’s em frente do qual está a entrada do Museu de História Natural de Paris. Uma conjunção urbana perfeita para um intelectual que tem explorado como poucos as noções de tempo e espaço e cujas reflexões precederam o advento de uma modernidade onde o tempo se tornou instantâneo através da velocidade dos intercâmbios e o espaço se estreitou com a catarata de imagens.

No entanto, como assinala Augé nesta entrevista, a instantaneidade e a profusão de imagems não fizeram mais do que criar confusão e mais solidão. Promotor da ideia de andar de bicicleta como forma de recuperar o controle individual da noção de tempo e espaço, agudo descobridor dos « não lugares », inventor do conceito de « etno-ficção », Augé disseca nesta entrevista a realidade de um mundo enfermo de imagens, iludido com um conhecimento de miragens. O antropólogo não propõe nenhuma ideologia de substituição, mas sim uma lúcida viagem pela modernidade, com todos seus escândalos e seus acertos passageiros.

Muitos analistas vêm evocando há cerca de dez anos a existência de uma espécie de mal estar generalizado em quase todas as sociedades humanas. Qual é, para você, a origem dessa estranha sensação planetária ?

Creio que o grande mal estar provém da mudança de escala. Quando refletimos sobre o contexto de qualquer acontecimento, esse se situa em escala planetária. Isso leva a que, mesmo em acontecimentos pequenos, o mundo inteiro esteja em questão. Também somos conscientes de que o capitalismo conseguiu sua internacionalização. Estamos encerrados no sistema, enão só no do mercado. As referências locais são insuficientes, os indivíduos são mais individuais, mas ou são consumidores ou são excluídos do consumo. Essa situação provoca uma certa vertigem e, sob certos ângulos, uma vertigem metafísica. Creio, então, que a instalação do sistema planetário nos faz sofrer.

Poderíamos ter uma percepção gloriosa disso tudo e afirmar que todos os seres humanos são irmãos, ou celebrar a humanidade e a universlidade. Mas estamos longe de tudo isso por duas razões : a primeira é porque essas mudanças ocorrem sob o signo da economia ; a segunda, porque as transformações provocam resistências que, frequentemente, são opacas e um pouco loucas. Vemos, por exemplo, o desencadeamento dos fundamentalismos mais radicasis. Alguém pode se perguntar até onde é preciso olhar para encontrar algo alentador.

Há algo ao mesmo tempo nefasto e tentador na instantaneidade com a qual funciona o mundo. Em um de seus livros, "As formas do esquecimento", você coloca o esquecimento como condição para saborear o presente e o instante, para recuperar o que as formas atuais da instantaneidade nos retiram.

A instantaneiddade é hoje a consigna do mundo. Paul Virilio descreveu muito bem esta ubiquidade da instantaneidade. Mas eu me refiro a outro instante, a um instante mais íntimo, o instante da relação conosco mesmo, o instante do encontro com os outros, com um olhar, uma paisagem, uma ideia. Não há identidade individual ou coletiva que possa ser construída sem o outro. A solidão absoluta é impensável. O itinerário do indivíduo passa pelo encontro com os demais. Por isso, quando evoco o instante, é por oposição a tudo o que está marcado pelo passado. Temos uma tendência a encontrar a explicação de todos os fenômenos no passado, seja na perspectiva marxista ou analítica. É claro que não se pode negar a importãncia do passado na construção individual e coletiva, mas eu diria que os momentos de criação são os momentos que conseguem escapar dessa gravidade. Para mim, o instante é justamente isso, um momento no qual o tempo muda de registro, há um tempo que circula, mas que não depende do que pesa sobre ele. Um instante sem culpabilidade.

Você escreveu certa vez que bastava ampliar a distância para que os piores erros se apaguem. No entanto, hoje a distância se estreitou e os horrores se apagam do mesmo modo. A proximidade não nos redime do esquecimento.

Sim, está certo, há um efeito duplo. Quando escrevi isso pensava nesses pilotos de avião que lançam bombas. Para eles, o dano causado era abstrato. Hoje basta ligar a televisão para ver cadáveres em abundância. Mas, de certo modo, o que torna as coisas abstratas é o acúmulo. A visão de proximidade da televisão produz o mesmo efeito que a distância. Creio que não nos damos conta do que ocorre, da gravidade.

Você diria que o relato por meio da imagem nos desumanizou ?

De certa forma sim. A imagem é a melhor e a pior das coisas. Estamos orgulhosos porque a imagem nos aproxima de tudo. No entanto, ao mesmo tempo que nos aproxima ela nos distancoa. A imagem também tem outro efeito perverso : ela causa a ilusão de que conhecemos porque nos permite reconhecer. Mas o reconhecimento não é o conhecimento. É um jogo perverso, é a ignorância que desconhece a si mesma. 

Em seu último livro você faz uma assombrosa recomendação : « Devemos escapar do pesadelo mítico »

Com isso me refiro à fórmula de Walter Benjamin quando conta que, no fundo, a aparição do relato organizado, dos contos onde o pequeno triunfa diante do grande ou do ogro, tudo isso desfaz o impacto dos relatos míticos onde as bruxas devoram os homens e outros horrores mais. O pesadelo mítico são os mitos originais, as cosmogonias, as cosmologias e toda uma panóplia de mitos horríveis e caóticos. Benjamin pensava que a narrativa era uma forma de afastar-se desses horrores. O pesadelo mítico sempre se relaciona com a indistinção, a indistinção entre o bem e o mal, entre os sexos, entre as distintas gerações, etc, etc. Podemos nos perguntar, então, se não há um risco de uma nova indistinção a partir da abundância de imagens.

Essa abundância nos remete a um tipo de ameaça mítica. É preciso ter cuidado. Devemos ter formas narrativas capazes de colocar a imagem à distância para que ela seja apenas o que é, ou seja, uma ilustração e não uma realidade. Os progressos tecnológicos nos levam a tomar a imagem como algo real. O pensamento escrito é muito mais articulado e é isso precisamente o que precisamos : um pensamento articulado frente à enxurrada de imagens. A escritura aporta outra coisa. No entanto, também é lícito interrogar-se sobre a noção de escritura dado que o inimigo se instalou nesse campo. Basta abrir a internet para dar-se conta de que quase tudo que circula ali é oralidade primitiva, primária.

A internet também é, para você, uma espécie de ilusão.

Sim. Acreditamos que a internet é um fim em si mesmo, e isso é uma ilusão. Acredita-se que basta ingressar nesse universo para pertencer à comunidade dos comunicantes. Isso é ilusório. Não pertencemos a coisa alguma. Falava a pouco da ilusão do conhecimento. Com a internet ocorre algo similar. Em nosso computador, temos toda a ilusão do mundo, mas esse conhecimento só é útil para aqueles que já sabem algo.

Parece que o mundo moderno é uma sinfonia de ilusões. Você sugere, por exemplo, que a própria ideia de comunidade é ilusória.

Há palavras por trás das quais já não se colocam conceitos. Essas palavras funcionam como códigos para passar. Quando dizemos cultura, quando dizemos diferença, quando dizemos comunidade, eu me pergunto : de que estamos falando ? Por exemplo, quando se diz « sociedade multicultural » não sei do que está se falando. Trabalhei durante um tempo em uma localidade muito pequena da Costa do Marfim. Ali havia uma multiplicidade de grupos com culturas diferentes. Suas referências eram distintas e seus idiomas também. Em cada cultura, cada indivíduo tem uma relação diferente e desigual com essa cultura, A multiplicidade da referência cultural é enorme.

Quando falamos de sociedades multiculturais estamos nos referindo à coexistência de culturas no sentido mais impreciso, mais opaco. O que são a cultura africana ou a cultura asiática senão um conjunto de lugares comuns que não dizem grande coisa ? A noção de multiculturalismo é abstrata. Em resumo, cada vez que falamos de coletividade estamos recorrendo à linguagem da ilusão. Coloquemos as coisas ao contrário. Seria preciso dar voltas a partir do indivíduo, que é nossa única referência concreta. Não se trata de uma sociologia do egoísmo ou do egocentrismo. Não há indivíduo sem relação. Por isso de pode estudar a elaboração das relações entre os indivíduos.

Isso está no coração da democracia, a qual deve fixar a maneira pela qual nos relacionamos com o outro. A soberania do indivíduo está limitada pelo fato de que ele não está sozinho. A solidão absoluta conduz à loucura. O mesmo ocorre com a totalidade imposta, que também conduz á loucura. O papel da democracia deveria consistir em elaborar um compromisso para conciliar a individualidade e a alteridade.

Você introduz um conceito hiper moderno em sua definição dos blocos do mundo. Tomando como base o famoso artigo de Francis Fukuyama no qual, com o triunfo da democracia liberal, Fukuyama promoveu a ideia do fim da história, você escreveu que isso conduziu ao esfriamento do Ocidente.

Com isso, eu estava me referindo à ideia de Claude Levis-Strauss sobre as sociedades frias e as sociedades quentes. Quando se afirma que a história terminou então passamos para o lado frio. A ideia sobre o fim da história não significa que os acontecimentos acabaram, mas sim que a fórmula, a receita, foi encontrada : ou seja, mercado liberal e democracia representativa. Mas essa ideia enfrenta muitas objeções. A primeira : o mercado liberal se dá muito bem com regimes ditatoriais. Isso significa que a liberalização dos mercados, a liberdade dos intercâmbios, não garantem o advento da democracia. Há um paradoxo no postulado do fim da história : é uma espécie de marxismo ao contrário. É a ideia de qua organização da produção desemboca em formas sociais. Creio que esse foi o último grande relato que conhecemos.

A segunda objeção é que não nos dirigimos para um mundo de desigualdades reforçadas. A ascensão de alguns estados, os chamados países emergentes, alimenta a ilusão de que o mundo caminha na direção de mais igualdade. É certo que há países emergentes, mas assim como entre os países desenvolvidos, entre os emergentes se constatam fenômenos de desigualdade crescente. A distância entre ricos e pobres é cada vez mais importante, e a mesma coisa ocorre com o acesso ao conhecimento e à ciência. Eu diria que a globalização não difere muito da colonização. Vivemos um tipo de colonização anônima ou multinacional. A globalização nos emparelhou. 

O Terceiro Mundo tem problemas que não são muito distintos dos problemas do Ocidente, por exemplo, no que diz respeito à migração. Os migrantes já não vão só do Sul ao Norte, mas também do Sul para o Sul. No Ocidente, há uma tradição de arrogância que não encontramos no Sul, mas não estou seguro de que os problemas sejam fundamentalmente distintos. A globalização criou as mesmas problemáticas em todas as partes. Não acredito que seja oportuno fazer a apologia do Ocidente ou questioná-lo. O questionamento do Ocidente permite às ditaduras locais fabricarem uma virtude por conta própria. Sou mais universalista, creio que todos compartilhamos o horror.

Há, de fato, uma tecno-oligarquia e uma oligarquia financeira que colonizaram o mundo ?

Sim, e cada vez mais nos dirigimos para esse modelo de oligarquias. Em alguns lugares do mundo vemos uma concentração muito forte de poder, conhecimento e riqueza. Há então uma classe oligárquica sob a qual encontramos uma classe de consumidores – sem eles o sistema não funciona – e depois vem os excluídos, essas classes que não são necessárias para que a máquina funcione. Esse esquema exclui todo modelo de revolução. 

Para que uma revolução ocorra hoje ela deveria se situar em escala planetária. Conservamos uma ideia mítica da Revolução Francesa que também cometeu horrores. Mas conservamos também a ideia de que a Revolução Francesa foi feita em nome de princípios. Hoje já não sabemos quais são os princípios. O que está em jogo é enorme : transformar o planeta em um lugar onde todos os seres humanos se reconheçam é um desafio formidável. Mas a história não funciona assim.

Recordo o livro que você escreveu sobre a bicicleta, no qual aponta que andar de bicicleta é uma espécie de novo humanismo. Deveríamos todos andar de bicicleta para recuperar um pouco de humanidade ? Já não é muito tarde frente o avanço da globalização, a pobreza, a especulação, o vazio planetário das imagens ?

A experiência da bicicleta me permitiu destacar que tudo está relacionado com o tempo e o espaço. Neste sentido, a bicicleta corresponde à necessária dimensão individual. Quando estamos sentados na frente de nossos computadores estamos mergulhados em um universo fictício de instantaneidade e ubiquidade. Se temos trabalho estamos asfixiados pela maneira como está concebido fora de nós, e se não temos trabalho estamos aplastados como indivíduos. Há uma espécie de totalitarismo liberal muito pesado. Então, o que podemos fazer ? Em escala individual, creio que o único meio de escapar à ilusão é ter sua própria relação com o tempo e o espaço. A bicicleta é um bom instrumento : nos remete à infância, à velhice, nos remete à noção das distâncias que é preciso percorrer, ao controle, etc., etc. Quero deixar claro que não acredito que seja possível mudar o mundo por meio da reforma individual e da bicicleta. Como mortais, estamos todos condenados à utopia. Ainda não acabamos de redefinir a finitude do ser humano, a materialidade do espírito e o futuro de história.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

UNESCO analisa mudanças e desafios da nova Lei Geral de Acesso à Informa...



Direito do cidadão a fazer perguntas ao Estado tenderá a efetivação da produção de políticas públicas mais transparentes e relevantes para a sociedade.

terça-feira, 5 de junho de 2012


Liberdade na internet está sob ataque, diz Richard Stallman

No lançamento da 13ª edição do Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre, um dos criadores do movimento advertiu para crescentes ameaças à liberdade digital. Para Richard Stallman, coisas muito sérias estão acontecendo na sociedade digital. “A inclusão digital pode ser boa ou ruim. Depende de onde a sociedade será incluída. O que vemos hoje é que a liberdade está sendo atacada de várias maneiras. Talvez tenhamos que diminuir a nossa inclusão para preservar nossas liberdades”

Porto Alegre - O criador do movimento software livre, Richard Stallman, participou nesta segunda-feira (4), no Palácio Piratini, do lançamento da 13ª edição do Fórum Internacional Software Livre, que será realizada de 25 a 28 de julho, no Centro de Eventos da PUC-RS, em Porto Alegre. Em um ato que contou com a presença do governador Tarso Genro, Stallman falou sobre as crescentes ameaças à liberdade na sociedade digital.

Em uma rápida intervenção no início da cerimônia, o governador gaúcho disse que o movimento em defesa do software livre representa hoje “uma das lutas mais importantes para recuperar a densidade da democracia que hoje se encontra esvaziada”. Tarso agradeceu e destacou o empenho de ativistas como Marcelo Branco em defesa da liberdade digital. “Quando eu era ministro da Justiça, foi ele que me advertiu sobre a necessidade de entrarmos no debate sobre o projeto restritivo e de censura que tramitava então no Congresso Nacional. Conseguimos bloquear a votação desse projeto e ajudamos a estimular um debate nacional sobre o tema”.

A fala de Richard Stallman foi marcada por graves advertências acerca das crescentes restrições na internet. Para o criador do Projeto GNU, iniciado em 1983 nos Estados Unidos, coisas muito sérias estão acontecendo na sociedade digital. “A inclusão digital pode ser uma coisa muito boa ou muito ruim. Depende de onde a sociedade será incluída. O que vemos hoje é que a liberdade está sendo atacada de várias maneiras. Talvez tenhamos que diminuir um pouco a nossa inclusão para preservar as nossas liberdades”, sugeriu.

Após um período de euforia e liberdade, os usuários da internet devem começar a se policiar, pois tudo o que fazem está sendo gravado e classificado. A palavra “tudo”, aqui, não é força de expressão. É “tudo” mesmo. Stallman citou os casos do Facebook, do Google e do Google Analytics como exemplos de um sistema de vigilância que está sendo feito em vários níveis. O mais perigoso, defendeu, é aquele controlado pelos governos.

“Grandes empresas privadas como Amazon, Microsoft, Apple e grandes empresas de telefonia também têm seus sistemas de vigilância. Nós podemos controlar isso usando software livre, por exemplo. Mas quando se trata de governos, a situação é mais complicada. Na Inglaterra, há um sistema que diz onde está cada automóvel do país pelo controle da placa. É algo que Stálin não teve, mas que gostaria de ter”, brincou.

Durante a sua fala, Stallman anunciou, em tom de lamento, que amanhã (terça-feira) estará visitando a Argentina pela última vez em virtude de um sistema de gravação das impressões digitais de todas as pessoas que entram ou saem do país. “Será meu último voo para a Argentina. Algumas coisas não podem ser toleradas. O Estado não pode saber tudo sobre todos. A polícia secreta da União Soviética não tinha esse controle sobre a vida das pessoas”, protestou o fundador da Free Software Foundation, que acrescentou. “Numa sociedade livre, não pode ser fácil para a polícia saber tudo sobre todas as pessoas. Se for fácil, então não estaremos vivendo em uma sociedade livre”.

Stallman citou também como ameaça à liberdade a tentativa de censura na internet em vários países, mas essa luta, segundo ele, parece que está sendo vencida pela internet. “A censura existe muito antes do computador, mas parece que a internet está ganhando da censura. Muitos países têm tentado exercer a censura por meio de filtros e outros mecanismos, mas não estão conseguindo”. Outra forma de controle, apontou, é o uso de formatações sigilosas de dados para limitar o acesso. “Essa prática vem sendo usada por empresas para barrar a competição, com programas que restringem o acesso dos usuários. Vídeos estão sendo distribuídos dessa forma, com formatos secretos, para que não haja livre difusão”.

O ativista defendeu a necessidade de um maior engajamento político nesta luta contra as ameaças à liberdade no contexto da chamada sociedade digital. “Muitas pessoas não querem se envolver nos aspectos políticos dessa luta, o que é um erro. Num certo sentido, precisamos mais de ativistas do que de programadores hoje”, afirmou. Stallman defendeu, por fim, que os governos e as agências governamentais passem a usar prioritariamente softwares livres, o que não acontece hoje.

As ameaças que pairam sobre a liberdade na internet no Brasil
As ameaças sobre a liberdade na internet que pairam sobre o contexto brasileiro foram tema de uma intervenção de Marcelo Branco, logo após a fala de Stallman. Militante da causa da liberdade na internet há vários anos, Marcelo Branco apontou um conjunto de problemas e ameaças que já são reais no Brasil.

As empresas operadoras de telefonia, assinalou, representam hoje uma ameaça à liberdade na internet, pois querem quebrar a neutralidade da rede. Essa neutralidade significa que todas as informações que trafegam na rede devem ser tratadas da mesma forma, navegando a mesma velocidade. Trata-se de um princípio que garante o livre acesso a qualquer tipo de informação na rede e impede, por exemplo, que as operadoras possam “filtrar” o tráfego, definindo que tipo de dados pode andar mais ou menos rápido. Para Marcelo Branco, a neutralidade na rede não precisa de regulamentação. Ou ela existe, ou não existe. O grande risco, apontou, é que essa regulamentação seja feita pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que seria “sensível” ao lobby das operadoras.

Em segundo lugar, Marcelo Branco apontou a indústria do copyright como outra ameaça à liberdade na internet. “As empresas que compõem essa indústria querem uma internet vigiada que criminalize o usuário. Empresas como Google e Facebook podem ser nossas aliadas neste item, mas, por outro lado, ameaçam a nossa privacidade”. Neste tema (do copyright), o ativista criticou a atual gestão do Ministério da Cultura, classificando-a como “reacionária e conservadora”.

A pressão pela criminalização na internet vem crescendo em vários níveis. Marcelo Branco considerou um absurdo querer responsabilizar um provedor por um eventual crime cometido por um usuário. “É como querer responsabilizar uma operadora de celular por um crime cometido por um bandido que utilizou o telefone durante o delito ou para praticar o mesmo”. Ele também criticou a retirada de conteúdo de páginas da internet sem mandado judicial. “Isso é inaceitável em um Estado Democrático de Direito”.

Por fim, Marcelo Branco criticou a iniciativa do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) de realizar uma consulta pública sobre patenteamento de softwares. “Foi um vacilo do governo Dilma. Uma das maiores lutas do movimento de software livre mundial, foi justamente contra a implementação de patentes de software na Europa. Em 2005, a Europa rejeitou a possibilidade do software ser patenteado. Patente de software é uma ameaça a inovação, ao software livre e a liberdade do conhecimento. O Brasil não pode seguir esse caminho", defendeu.


Fotos: Caroline Bicocchi/Palácio Piratini 
FONTE: CARTA MAIOR
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20274&editoria_id=5

domingo, 27 de maio de 2012

Slow science | Carta Capital

Slow science | Carta Capital
Reflexão sobre a produção científica na dromologia instalada.
O ambiente virtual traz possibilidades infindas, mas também poderá sugerir práticas ilícitas, majoritariamente condenáveis.
Ética, plágio e fraudes científicas são questões caras à ciência, que preocupam a comunidade acadêmcia e em última instância reverberam ações sobre a sociedade.

domingo, 20 de maio de 2012

Poemas concebidos sem pecado: Aprendimentos

Poemas concebidos sem pecado: Aprendimentos: O filósofo Kierkegaard me ensinou que cultura é o caminho que o homem percorre para se conhecer. Sócrates fez o seu caminho de cultura ...

Poemas concebidos sem pecado: "Eu vi uma manhã desaberta na beira de um rio ig...

RECOMENDADÍSSIMO.
Participando da Oficina: Leitura literária e o ato de escrever. No Centro Cultural da UFMG. Outros olhares sobre a literatura mundial. Fino. A poesia de  Manoel de Barros, não poderia faltar.


Poemas concebidos sem pecado:

"Eu vi uma manhã desaberta na beira de um rio ig...
: "Eu vi uma manhã desaberta na beira de um rio igual que uma garça estivesse desaberta na beira do rio." Cinco palavras bonitas sem as qu...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Livro "O que é leitura" de Maria Helena Martins


MARIA HELENA MARTINS é filha do escritor e médico psiquiatra e psicanalista Cyro Martins, Maria Helena de Sousa Martins nasceu em Porto Alegre. Criou o CELP Cyro Martins - CELPCYRO, em 1997 e, desde então, é sua Diretora-presidente, coordena seus projetos de pesquisa, eventos, cursos, publicações e o conteúdo do site, no link:  http://www.celpcyro.org.br/v4/html/MariaHelenaMartinsmini-curriculo.htm. Lecionou na UFRGS e na USP, na qual se tornou Doutora em Teoria Literária e Literatura Comparada (FFLCH).
A discussão da aula de 14 de setembro de 2011 se deu em torno do livro acima. Um livro de bolso, gostoso de ler e traz reflexões bem marcantes.
Lembra que o leitor não pode ser rotulado por faixa etária, pois cabe a cada sujeito de uma determinada obra, produzir seu próprio sentido e representação dentro de sua cognição, bagagem anterior e realidade do contexto vivido e lido.
O contato físico com o objeto designado "livro", ainda nos sugere um apelo muito forte, afetivo e sensorial. A possibilidade em folheá-lo, visualizar suas imagens e desenhos, cheirá-lo ou apenas recostá-lo em nosso peito, produz um efeito mágico.
Desde os folhetins escritos em capítulos até os livros científicos, causam-nos grande impacto, penetrar naquele "mundo" cercado ou não de corência lógica em princípio, meio e fim.
Os níveis de leitura demarcam territórios distintos e podem ocorrer ou não, em relação a um texto lido.
A leitura sensorial é disparada pelos sentidos humanos (cheiro, tato, audição, visão e até paladar, sim), sendo, considerada aquela, que despertará maior prazer junto ao leitor.
A leitura em nível emocional desperta sentimentos como o amor, carinho, medo, ciúmes e outros; tanto quanto a leitura sensorial, dependerá das variações cognitivas e pessoais do leitor.
No nível da leitura racional, a razão dita suas regras e abre um único caminho para o entendimento.
Um texto então, poderá apresentar todos os níveis de leitura ou não.
Tópico importante discutido foi a questão do texto virtual e a possibilidade dos hiperlinks, onde com um click apenas, trilhamos um labirinto de assuntos e informações. Este ato poderá nos desviar do assunto prioritário, para aquele momento específico e tirar o foco da coerência do texto, fragmentando nossas idéias, com a consequente perda da coesão textual de princípio, desenvolvimento e conclusão (ítens tão caros a estrutura de um trabalho científico, por exemplo).

O que é leitura - Maria Helena Martins.pdf - 4shared.com - document sharing - download - Marcos Alves

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terça-feira, 24 de abril de 2012

sexta-feira, 20 de abril de 2012

segunda-feira, 9 de abril de 2012

segunda-feira, 2 de abril de 2012

"Retratos da leitura no Brasil" - IPL (Instituto Pró-Livro)

A pesquisa "Retratos da leitura no Brasil", disponível em: <http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/dados/anexos/48.pdf>, apresenta, desde a sua primeira edição em 2000, o levantamento do perfil do leitor de livro no Brasil. Com a coleta de suas preferências, identifica as barreiras ao ato de ler e constrói um retrato daqueles que compram livros.
O IPL faz, então, uma pesquisa cultural e de mercado propondo um diagnóstico que identificará o comportamento do leitor.
A pesquisa é domiciliar e mostra que, por mais que se tenha caminhado, ainda há muito a fazer.
O Plano Nacional do Livro e Leitura tem o apoio do Governo Federal e possui diretrizes coerentes e bem delineadas, mas ainda carece de caminhos concretos e fiscalização, junto aos municípios menos centrais do país.
Uma proposta bastante arrojada foi efetivada pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN/MinC), que recebeu até o dia 01/04/2012, inscrições dos interessados em participar da sexta turma do curso online do projeto O Livro e a Leitura nos Planos Estaduais e Municipais. O objetivo do curso, oferecido na modalidade de ensino à distância, é apoiar os municípios na elaboração de seus Planos de Livro e Leitura. O curso é gratuito e está disponível para os municípios cadastrados no Portal Mais Livro Mais Leitura.
A capacitação tem duração aproximada de 10 semanas, totalizando cinco horas por semana. Os alunos podem fazer o curso no horário que desejarem, uma vez que é online. O curso fornece o passo a passo para a elaboração do plano local, contemplando desde como fazer o diagnóstico da realidade, até a formação do grupo de trabalho, passando pela definição de metas, objetivos e a construção de um plano de trabalho. Há ainda um fórum de discussão, em que os participantes podem compartilhar experiências. A proposta do trabalho é que o município realize, junto com a sociedade civil, o planejamento indicado ainda durante o curso.
O projeto é realizado pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN/MinC), em parceria do Projeto Nacional do Livro e Leitura (PNLL) , e pelo Instituto Pro-Livro,  e o Ministério da Educação, conforme o link: http://www.cultura.gov.br/site/2011/03/29/plano-nacional-de-livro-e-leitura/.
Com isto, ampliam-se as possibilidades do incentivo a leitura no Brasil.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Jornal do Brasil - Cultura - Corpo de Millôr Fernandes será cremado esta tarde

Jornal do Brasil - Cultura - Corpo de Millôr Fernandes será cremado esta tarde

UFMG - Revista DIVERSA - Acesso, organização e difusão= Biblioteconomia

http://www.ufmg.br/diversa/7/biblioteconomia.htm

Nos últimos 15 anos, no Brasil e no mundo, mudaram por completo as referências da sociedade com relação à produção, o armazenamento e a difusão da informação.

Os profissionais de Biblioteconomia não ficaram imunes a esse turbilhão. Ao contrário, sofreram, de forma intensa e direta, os reflexos da chamada "sociedade da informação". A realidade, moldada pela presença da informática, da internet, e das novas mídias, gerou a demanda por um novo profissional, mais ativo e ainda mais comprometido.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Diário de Bordo - 31 agosto 2011 - aulas prof. Maria da Conceição Carvalho

Apresentou-nos aspectos relevantes de vários estudiosos entelaçados ao campo da Ciência da Informação, Educação e Leitura.
Um teórico essencial para o nosso entendimento foi Pierre Bourdieu (1930-2002), que com o seu conceito de "habitus" (sistema de disposições duráveis e transponíveis integrantes de todas as experiências passadas) funciona a cada momento como uma matriz de percepções, tornando possível a realização de tarefas diversas.
Então, pelo valor afetivo, que a leitura assume em determinadas famílias e grupos sociais, seus herdeiros apropriar-se-ão deste "habitus", transmitido de geração a geração.
Infelizmente, o que se verifica, na maioria das famílias brasileiras, é que o primeiro contato com a leitura vem se fazendo, com maior frequência, apenas nas escolas.
Esta observação retira toda a carga de afetividade como fator benéfico para a leitura.
A diversidade de documentos literários produzidos nos aponta uma pequena pista da abrangência no universo de opções para o bibliotecário apresentar ao seu sujeito-leitor.
Cabe-nos desenvolver uma sensibilidade capaz de nos permitir captar, em uma curta entrevista no setor de referência, aquilo que nos pareça imprescindível.
Livros de leitura com um cunho religioso como o Torá (texto central do Judaísmo), o Alcorão (livro sagrado do Islã) e a Bíblia (texto religioso de valor sagrado para o Cristianismo) indicam um caminho percorrido pelo homem com a finalidade de alcançar a perfeição com a leitura intensiva - repetitiva de um texto específico - podendo  determinar uma linha de comportamento bastante utilizado.
Já a leitura extensiva abarca maior variedade de áreas do conhecimento humano, o que permite perceber uma horizontalização no percurso de leituras.
A literatura infantil, na atualidade, sofre vários obstáculos impostos pela corrente do pensamento social no politica e ecologicamente correto, onde se encontram excluídas situações da vida real, com o intuito de "não traumatizar as crianças". Com este espectro pairando sobre a cabeça de escritores infantis e juvenis; as estórias (e histórias) tomam um rumo artificial e sem conexão com a realidade, pois, é vedado falar em morte ou qualquer outro elemento impactante sobre os sentimentos alegres e positivos.
As crianças e jovens crescem intolerantes ao sofrimento e não se identificam com a resolução dos percalços cotidianos, característica que pode os tornar despreparados para o trabalho ou para as responsabilidades inerentes à vida adulta.
Outro ítem importante sobre a leitura é a sacralização da cultura letrada, que leva alguns a pensarem, que só existe valor na comunicação linguística através dos signos alfabéticos, não é verdade.
O mundo nos revela sinais, interpretações e representações de várias formas. Lemos as cores do semáforo, lemos vídeos e podcasts, lemos comportamentos e culturas. Os nativos digitais (meninos e meninas, que convivem com o computador e seus recursos e dispositivos tecnológicos desde muito cedo) observam informação em tudo e ressignificam a cada nova forma de aplicação em suas necessidades diárias. Eles são, ao mesmo tempo, usuários e produtores,  esta perspectiva muda a relação com os signos e torna bem mais abrangente o sistema educacional e de leitura.
Com isto, o papel do educador e do bibliotecário, deverá conter doses periódicas de aspectos para a reciclagem constante de suas atividades, junto às instituições pedagógicas.
A professora Conceição ressalta, que os agentes mediadores estão inseridos entre dois mundos distintos: o mundo imaginativo da obra construída pelo autor e a recepção aberta do leitor, que necessita de um substrato teórico/intelectual/cognitivo, com o intuito de  transpor o obstáculo do estranhamento ao conhecimento e a futura ação desencadeadora do processo de apreensão de um texto.
A responsabilidade é muito grande e será possível, apenas com o entendimento destes dois mundos. Tanto o mediador precisa conhecer, paulatinamente, as obras disponibilizadas por seus autores, quanto se sensibilizar em se identificar com o sujeito que necessita daquela informação.
Próximo episódio: Leitura no Brasil.
Até Breve.
Adriane.